Soleil et chair
«(...) Je crois en toi ! je crois en toi ! Divine mère,Aphrodite marine ! - Oh ! la route est amère
Depuis que l'autre Dieu nous attelle à sa croix ;
Chair, Marbre, Fleur, Vénus, c'est en toi que je crois (...)!»
o nome e o lume
I
1
sob o vértice da rosa beberás
o solícito fruto do lume
a semente dos leitos de todos rios,
de todos os nomes,
(serás a pele e a queda)
crescerás, criarás (a) genealogia,
e debruçar-te-ás sobre o espaço
do verbo que antecede o princípio;
beberás lâminas e noites, e encantar-te-ás
no conclave das falanges predispostas
sobre o branco, ampliarás
o perímetro da mão avançando por dentro da sombra
hás-de esculpir auroras rente ao peito, e amarás
espelhos de espelhos;
mas compreenderás que a veia há-de florir
no delta das córneas a prumo sobre o branco, e amarás
essa secretíssima carne de mármore dobrada
sobre o teu nascimento
2
saberás, poeta, que um corpo pode ser um rio
subindo a prumo, e as estações, mulheres
que mudam de vestidos consoante a inclinação do sol, ou rosas
que manobram os astrolábios da canção nos solstícios
e fazem parar os rios, os rios
que são nomes minerais
os meridianos todos
convocados sobre o coração, e o idioma
do mar entre a sombra das casas
3
saberás, poeta, por fim,
que o poema é a carne toda junta, a carne
um fruto que se partilha,
porque é o sal e o coração: o poema
e porque, às mulheres, hás-de beijá-las e renascer
e semeá-las, rasas como a cal, na vindima das imagens
hás-de amá-las e morrer (raso)
como as rosas caídas de um azul céu de nomes;
há-de ser o teu mundo o seres raso
como a água;
e, como as pedras hás-de perecer e ficar,
hás-de beijá-las para morrer,
amá-las e morrer, e
pouco mais