som sépala cálice pétala
clareira corola estame boreal
(uma clareira: um lugar onde pôr a voz)
toda a ornamentação do prodígio
eis toda a onomástica das minhas veias
eis toda a génese do sopro
a soberania de um país feito de vento
osso sangue carne
pele sopro cal
há quem diga (o) espírito
(ou umbral) por sopro,
e diga depois que vê, depois sempre
todas as coisas que nunca acontecem -
(e também o fogo a lavrar por baixo dos altares
e os gestos secretos encenados sob as mesas
nos grandes festins do sol) -
tudo em metástases com o mar por baixo
e as paráfrases à janela
com imemoriais saudades tantas dos navios
sei que é preciso circunavegar o mundo
com uma só palavra
trocar sopro por silêncio
(mas nunca direi que odeio o poema)
eis que digo e o que fica escrito
pôr uma coisa coisa sobre outra coisa
porque não se aprendeu ainda
a ver o modo
como o relâmpago vertebra ao instante
a respiração dos animais
por isso os homens
inventaram o destino
por não saberem o que fazer
com o nada
(but)
a word is a word is a word
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