sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

com chet baker, lonely star, the prestige sessions+european son/velvet underground and nico

som sépala cálice pétala

clareira corola estame boreal

(uma clareira: um lugar onde pôr a voz)

toda a ornamentação do prodígio

eis toda a onomástica das minhas veias

eis toda a génese do sopro

a soberania de um país feito de vento


osso sangue carne
pele sopro cal


há quem diga (o) espírito

(ou umbral) por sopro,
e diga depois que vê, depois sempre

todas as coisas que nunca acontecem -

(e também o fogo a lavrar por baixo dos altares
e os gestos secretos encenados sob as mesas
nos grandes festins do sol) -

tudo em metástases com o mar por baixo
e as paráfrases à janela
com imemoriais saudades tantas dos navios

sei que é preciso circunavegar o mundo
com uma só palavra
trocar sopro por silêncio

(mas nunca direi que odeio o poema)

eis que digo e o que fica escrito

pôr uma coisa coisa sobre outra coisa

porque não se aprendeu ainda
a ver o modo
como o relâmpago vertebra ao instante
a respiração dos animais

por isso os homens
inventaram o destino
por não saberem o que fazer

com o nada


(but)

a word is a word is a word

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