segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

a escrita do poema

I

por baixo do luto
do céu

a terra arável
com o sal por cima


II

todo o signo
sucumbe por vezes
à morte de um sentido

e, como se fosse apenas
a cruel doçura de uma carícia,
há um rosto que emerge
da pedra e da terra viradas
do avesso, e nos beija os olhos

quando o poema está completo


III

o que fica escrito
é a crueldade como conjugação
do alto e do térreo

e o fio-de-prumo
estendido na brancura do chão, por de baixo
da macieira

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