domingo, 19 de abril de 2009

co-poema

caídos do cavalo branco de napoleão
amamos
as estrelas que transbordam da terra,
como se encontrássemos o mapa
do império das mãos.


a terra, húmida, evade-se entre a boca
e os peitos de argila,
campos e campos sagrados de lume
deslocam os corpos
pelos horizontes de plasma.



e, no céu do teu coração,
decantam-se as raízes
das pedras,
como se
a tua morte fosse o mapa
e nós renascêssemos nos minerais dos dedos.



o sangue jorra até aos dedos, como sabes,
inunda as falanges
e forma rostos
que comovem as teclas de um piano.
o pianista escreve, sonha com cavalos,
bombeia o coração até à tecla mais alta
onde nasce o mapa
das tuas mil aortas.



já caímos
já amámos o que napoleão amou,
mas,
na estepe da terra
as estrelas ouvem os acordes
dos corpos nas batalhas, e, por isso,
agora és carne eterna
emudeces ou cantas
és sonho de mil aortas, como
de mil espelhos.



Maria Khépri e Ruy Narval

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