quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

a pianista segue a via do mercúrio, e


as mãos as mãos, são o conhecimento do interior, e

são de mármore, as mãos as mãos


da pianista, as mãos, brancas, habilitam ao conhecimento

do derradeiro espectro, e


são de mármore, as mãos as mãos

da pianista, selectos búzios de mar são


da pianista, as mãos são, da pianista,

da pianista, que é a epiderme e a cal em flor,

as mãos são a

argúcia dos movimentos


da pianista, que é a boca em bruto

(a boca em fruto; e eu , quando entrarei em flor?)


a pianista congrega, reúne

os caudais arteriais do arrepio e o instinto de

estepe do pássaro, harpejo

de céu inteiro à mão do sonho, a pianista retém

a biografia do perfume, o jasmim das horas

salubres, o sopro iniciando o tornozelo da rosa


a pianista acende anjos na palma da mão,

inicia a combustão dos tecidos

e torna-se azul, de tanto olhar o mar ser mulher ou fruto,

a pianista principia a depurada biografia

do mármore, e arma-se em nódulos nas urnas

da íris de deus


constrói equinócios,


a pianista aprende o ofício da

depuração corporal dos metais

e ama, a doçura e a constância das coisas


ama as arcas, onde as mulheres e as deusas

guardam os vestidos


a pianista descobriu como fazer florir o sal


e é a orla de um corpo que arda ou floresça


a pianista senta-se e é os nervos em flor

ruy narval

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