a pianista segue a via do mercúrio, e
as mãos as mãos, são o conhecimento do interior, e
são de mármore, as mãos as mãos
da pianista, as mãos, brancas, habilitam ao conhecimento
do derradeiro espectro, e
são de mármore, as mãos as mãos
da pianista, selectos búzios de mar são
da pianista, as mãos são, da pianista,
da pianista, que é a epiderme e a cal em flor,
as mãos são a
argúcia dos movimentos
da pianista, que é a boca em bruto
(a boca em fruto; e eu , quando entrarei em flor?)
a pianista congrega, reúne
os caudais arteriais do arrepio e o instinto de
estepe do pássaro, harpejo
de céu inteiro à mão do sonho, a pianista retém
a biografia do perfume, o jasmim das horas
salubres, o sopro iniciando o tornozelo da rosa
a pianista acende anjos na palma da mão,
inicia a combustão dos tecidos
e torna-se azul, de tanto olhar o mar ser mulher ou fruto,
a pianista principia a depurada biografia
do mármore, e arma-se em nódulos nas urnas
da íris de deus
constrói equinócios,
a pianista aprende o ofício da
depuração corporal dos metais
e ama, a doçura e a constância das coisas
ama as arcas, onde as mulheres e as deusas
guardam os vestidos
a pianista descobriu como fazer florir o sal
e é a orla de um corpo que arda ou floresça
a pianista senta-se e é os nervos em flor
ruy narval
Sem comentários:
Enviar um comentário