sexta-feira, 24 de outubro de 2008

a-prumo

toda a veia é uma roldana
em torno do sol
que desponta da mão
dobrada sobre do sal: imagem

alguém sustém o gládio
nos declives da paisagem: uma arte de cair

é alguém que receia
o modo como os nomes
entrançam carne e céu,
pedra e mar: no aprumo

ou o solícito crescimento do pão
nas casas do homens; do lírio

diz-se que o canto eleva vida,
e que a pele amadurece
subitamente ao contacto das amoras,

é alguém que diz: rente à terra
o verão não é uma estação,

é uma coisa que as palavras fazem
do silêncio dos homens

que da vida não conhecem
a água toda redonda

nem a cor do sangue por dentro

nem o sabor do pão
na febre dos lábios

(será que alguém alguma vez soube
que só o mar conhece o mar?)

Sem comentários: