a areia na boca à medida
que o vento fustiga a praia
diante dos olhos
uma imensa imagem interior
resta-me o dom da paráfrase
tecer o comentário que reproduz
tudo o que nunca aconteceu
é como se inventasse por música
a cintilação da pele dentro da noite,
e fosse depois todo
o extremo rigor dos gestos
acompanhando a melodia
e visse lá altas, redondas, precisas
todas as constelações siderais
entranhadas no odor a lavanda e urze
do meu sangue
exposto a toda a erosão gramatical
é como se fosse de âmbar ou sal quando digo
mar ou poema
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
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