sábado, 31 de janeiro de 2009

diálogo

I
a caminho do mar
de ânfora
guardada
no tímpano

o rosto sempre diante
do silêncio
dizes-
me o nome que só eu sou
capaz
de ouvir

II
a caminho da água
com tróia ardendo atrás
das costas,
não desvias os olhos
do lugar onde guardo
o maior silêncio
que só tu sabes ouvir
nos meus olhos

III
a caminho do mundo
e do aroma das amoras,
dizes-me, segredas-
me ao ouvido a palavra
que só
eu posso ouvir

IV
foi depois do dilúvio
que me contaram esta conversa.

houve alguém que sobreviveu
ao deslumbramento e ao pavor

houve alguém que disse
o nome verdadeiro
e encheu a sua ânfora
no centro da monção

e me trouxe um segredo
maior do que o silêncio
que posso suportar

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