nas cúpulas acende-se o voo,
enquanto o vento leva a primavera à exaustão,
e no perímetro das ancas da mulher, que baila, se
congemina a metálica combustão
das mãos e das bocas,
no pleno centro da dança:
é aí que o poema germina
da breve volúpia das carnes em flor
nas cúpulas, onde
o silêncio habilita a boca a
a um fulgor inaudito,
e um ventre amadurece como um fruto
e as mulheres aumentam dentro dos vestidos,
e dentro dos braços dos homens
os lábios rodeados de uma elipse de água,
se
as águas cantam a desmantelada volúpia de um corpo
de uma carne que não se conhece
e, o poema robustece-se na avidez de um peito e de um ventre
entregues ao olvido
da veia atada à brancura da cal
e ao caule do lume de
uma boca aberta sob a fecundidade
encantada e o luto ardido das cópulas dos amantes
escondidos dentro das ânforas
em dias de chuva,
é aí que o poema germina
é aí que o lume grassa (s)e as mãos se encantam
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2 comentários:
este poema é tão, mas tão bom, luís.
ontem perdeste o teu moleskine?...não posso crer.
obrigado, sim, perdi um moleskine, mas já foi há 3 anos, no bairro, aquele foi o primeiro poema que escrevi no caderno que inaugurei no dia seguinte.
é um pouco assim, mas mais exactamente... que quero voltar, ou continuar a escrever.
ontem descobri um caderno na gaveta que pensei já haver passado a computador, mas não! e é excelente:) muito bons, os poemas, *
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