sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

há muito tempo (após o filme de peter greenaway)

oito mulheres e meia, o nome alto
da minha morte
vendo

as crianças atadas às raízes das ilhas
e as mulheres lascando a têmpora na dobra dos espelhos
habilitando os caudais da engrenagem da(s) veia(s)
(des)obstruindo-lhes os veios dos meandros
que lhes ligam o nome à morte que lhes pertence

vejo a mulher navegando as sombras e colocar-se de pé
num ápice e desenhar sobre a brancura uma elipse de sal, se

quatro papoilas depois se abre a irreparável cesura
à leveza que o canto tece:

a barroca comoção da minha morte: o perímetro
da cintura de oito mulheres e meia-rosa
que é a têmpora dilacerada pelos aguaceiros sob os girassóis

depois, as margens litúrgicas dos rios quebrarão
os derradeiros selos, e estilhaçar-se-me-ão as dádivas
ascendendo aos deleites apaixonantes:

limpa apologia solsticial da cor púrpura do pulso
assim aprendo a estimar ardentemente
a inevitabilidade de tudo
o que não posso nomear

ah, as mãos, a centrífuga cerâmica das imagens,
as minhas oito mulheres e meia-rosa

as minhas oito mortes e meia,
sem nome

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