da rosa quero apenas
o perfume atravessando
a penumbra dos dedos
que
caules são coisas para plantar
nas casas,
para dizer a pretexto de
para dizer que soçobra sempre
depois dos olhos
a mais extrema doçura
colhida nas ânforas
ora, vejamos, pois bem: "o pretexto
deforma a expressão"
mas começa-se sempre por querer
sem saber
as mãos aflitas
sobre a roupa
desatentas ao perfume
a boca debruçada sobre o aroma
começa-se sempre por dizer
o que não se sabe: cisternas
abertas dentro do verão
esses gestos de tão-só disseminar odores
para ver que o poema impõe
a expressão como ordálio do pretexto
não há deus mais justo
que aquele que nos dá:
os gestos contornados pelo sabor
e depois toda queda mais sombria
ordálio:
da rosa, quero apenas não falar de mim
de mim, quero apenas a pele, e o aroma
do poema quero apenas
a justeza perfeita de falar
com toda a voz dos outros
e, do amor quero apenas a rosa
sem pretexto
aquele gesto que desponta da floração
do sal,
e tudo aquilo que dizemos
sempre sem saber
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário