domingo, 10 de maio de 2009

filologia

a imagem expõe
a carne lírica dobra o corpo
sobre a extensão do oráculo

a dança é azul, mostra
a lua sobre a pele dos ombros da pítia
prostrada diante do altar entoando
os cânticos sagrados

o êxtase é um ofício cutâneo: filologia

a voz desloca-se do centro para a periferia
das paisagens, é a melodia do lume
devorando a madeira
de um corpo que se abre à desmesura,

que mostra a carne dobrada sobre
o ausente rosto do mito

este verbo de que o corpo é espelho
é a medusa que devora as imagens
e promove o desvio do lume através
do que não se pode ver

o êxtase é a forma corporal do poema,
se a mão toca subitamente o esse rosto
que nunca se vê

esse corpo puramente cutâneo
que se expõe à filológica ascese do nervo
e que abdica da veia para dizer o verídico rosto
da noite caindo sobre as paisagens do homens

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